Tristeza

Author: Dark_Ryuuzaki /



Hoje eu estou triste, realmente triste.
Mas não quero um consolo, nem um ouvido
Para contar sobre o que sinto.

Estou realmente triste,
Porém amo a tristeza,
Pois ela é a única certeza de que estou vivo.
Ela é o que me faz parar de sofrer,
E voltar a viver, sozinho comigo.

Realmente triste,
Agora eu posso entender
Esta alegria incontida,
Na tristeza mais angustiante.
Que me sobe até a garganta num instante.
E volta e inunda o peito, acelerando os batimentos,
Depois sobe e invade a boca com um demorado riso
E se desmancha quando desliza pelo meu rosto como uma lágrima.

Hoje eu estou realmente triste,
Mas a tristeza evoca uma alegria.
De que a cada novo dia, mais aprendo a esquecer.
E esse meu exercício de deixar o que tenho pelo caminho,
Talvez me faça não ter raízes para impedir-me de voar.

O que me liga à terra, se não sou nem feito de ar?
O que me causa torpor depois de tanto tempo
É a falta do que nunca tive, é a overdose das mesmas coisas,
Que se repetem de modo diferente à minha frente,
Que se apresentam de repente como se eu quisesse as encontrar,
Depois de um longo tempo,
Finalmente experimento a euforia que a solidão de um dia
Pode me dar.

E todo esse tempo me faz fazer um novo mundo em mim,
Me faz morrer por mais dias.
E, enfim, me faz mergulhar de cabeça num mundo.

Que não cabe em mim
Não pertence a mim
Que não merece a mim
Que eu não fiz e não vivi.

Um mundo sem sombras solitárias
Um mundo de proximidades refletidas
Um mundo de espelhos que sufocam.

Estou triste, mas não fiquem tristes por mim.
(Não é o Ryuuzaki quem está triste, pois o Ryuuzaki já não existe,
Se perdeu dentro de mim
Pelo rio dessa vida de desencontros.
Eu já não sei mais quem fala pela minha boca,
Quem toca em meu corpo,
Quem desperta amor em mim).

A tristeza é a companhia que a incerteza dá
Ela não quer nada mais do que um punhado disforme
De pensamentos sem um ligamento,
Com um sentimento que já não pode mais ser entendido.

Tristeza, toda a tristeza que inunda um dia,
Que traz mais alegria, que resolve as melancolias
Que afasta todo o Eu de mim.

Tristeza, que fecunda os dias incertos, que faz dos dois desertos
Apenas uma manifestação dos encadeamentos que me travam.
Tristeza, que tira toda a segurança e traz a liberdade,
Que me inunda de felicidade
Faz bater o vento em minha face, faz delírios extravagantes
Que se movem em instantes, quando eu não posso prever
Vai e voa, dá um salto, pois eu vou junto a ti até o alto,
Até onde quem tem razão não pode nos alcançar.

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Meu nome é Walace, nascido a 24 invernos atrás, futuro analista de sistemas, pseudo escritor, desenhista anonimo, crítico pessoal, e eternamente solitário.
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